A minha mesa de café, o meu banco de jardim, o meu muro de lamentações, a minha varanda para o mundo

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Autocarros, optimus e sorriso

No autocarro um homem de aparência humilde entra e pergunta ao motorista onde é a loja da Optimus.O motorista dá uma resposta vaga, para despachar,que decididamente,não o satisfaz. A seguir eu asseguro que lhe indico onde é, pois vou para perto. Agradece. Muito. Insiste no agradecimento. Eu , com um sorriso breve, digo de nada! Mergulho outra vez na minha leitura para aproveitar os 15 minutos da viagem matinal. Dai a pouquinho o homem pergunta o que estou a ler e acto contínuo sem me dar tempo da resposta, espreita e diz : Natália Correia, boa escritora. Apercebo-me pelo teor dos comentários seguintes que não sabe que já morreu. Mas não digo nada , na tentativa feroz de me concentrar no que leio.Já um bocadinho cansada com a vizinhança barulhenta, confesso.
Dai a um nadinha, estende-me umas fotocópias e diz: “Leia este livro. Vai-me agradecer. Não se esqueça. É um livro fantástico”. Meto, contrariada as fotocopias na carteira , na dedução de que era o Novo ou Velho Testamento que o homem me oferecia para me catequizar para qualquer seita.
As cópias perderam-se no meio da infindável tralha da minha caótica carteira. Hoje, na minha viagem, de autocarro, encontrei uns papeis sujos e amarrotados e abrindo-os constatei serem as fotocopias do meu amigo , simpatizante e utente da Optimus.
Com uma letrinha miúda, inclinada e regular constava o titulo para não se esquecer ou informar os que beneficiassem da sua dádiva: “Fotocopiado do Livro Como Fazer amigos e Influenciar Pessoas", mais em baixo, autor Dale Carnegie e no fundo : Editado em Portugal pela: Livraria Civilização.
De lado , este bom homem, achou por bem, escrever na mesma letra certinha: O livro pode ser lido gratuitamente, na biblioteca Publica Municipal do Porto (no Jardim de são Lazaro).
Quem me conhece sabe que estas coisas me enternecem. A parte do livro fotocopiada falava dos benefícios do sorriso que eu considerei quase como castigo divino uma vez que com a minha pressa de ler me esqueci de sorrir ao bom homem.
Em homenagem ao meu arauto do sorriso vou depois transcrever parte do texto.
Ate porque o Dale Carnegie, psicólogo norte-americano, é responsável por alguma da sabedoria(se tenho alguma!) que apreendi e conservei para o resto da vida , ao ler aos meus 15 anos o seu livro: “Como esquecer preocupações e começar a viver”. Para mim ,os livros de auto-ajuda, não existem. Existe este e mais nada!

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