A minha mesa de café, o meu banco de jardim, o meu muro de lamentações, a minha varanda para o mundo

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Epistolografia Norte/Sul

Ali ao lado há uma musica lenta,calma,triste.Com um não sei que de
árabe,marroquino talvez e dai talvez não. Que sei eu de musica? Que
distinções e apreciações permitem o meu ouvido durissimo?Nenhumas!!.
Oiço ,porque, de facto, não sou surda, apenas.Mas nada de divagar
sobre a qualidade a afinação, a pertença,a execução.Isso são
pormenores, que ,se calhar ,toda a vida considerei de somenos.
Queimem-me viva os músicos,musicólogos e musicomanos.
A verdade é que a musica é ,comigo, ou absorvida ou pura e
simplesmente ignorada. Se a absorvo é porque diz algo e ai um misto de
sensações são possíveis: Alegria, tristeza, dor, saudade, raiva . Com
aquela ali ao lado fiquei subitamente muito triste. Tocou em algo que
não consigo , (não consegui ainda),identificar.
É o tempo talvez! curiosa esta nossa tentativa de buscar fora de nos
os motivos. Geralmente sempre que de forma imediata não descortinamos
a causa de qualquer coisa , la estamos nos.
bom mas isto é psicologia básica.
Lembrei-me de te escrever.Talvez porque sei que o teu tempo é escasso
e não podes tu entregar-te a tarefa;talvez pela minha necessidade de
exorcizar algo; ou simplesmente porque urge uma catarse. Sei la! De
facto não sei ,querida amiga , (a entendida nestas coisas és mesmo tu)
mas , as tantas é um conjunto de todos estes factores. E como eu fujo
de estar triste !
Bom mas isto das minhas tristezas falarei para uma outra vez.

E ,"as palavras são como as cerejas". Porque raio se diz isto Teresa? As
Cerejas comem-se e as palavras não! Deve querer dizer que se prendem
umas as outras...Nao tenho inteligencia para tanto..
Mas ,hoje de manha olhei estupefacta para a montra de uma Óptica
perto da minha casa e mesmo em frente da paragem do Autocarro onde
aguardava calmamente o transporte para o emprego. Atravessei a rua,
sim, precisei de atravessar a rua e vi deliciada vários poemas de
Florbela Espanca, escritos numa letrinha simples e até um pouco
infantil e um outro poema de Ricardo dos Reis que ocupava a parte
principal da montra, dada a extensão.
Na altura, só me acudiu ir la dentro perguntar a menina da lojas: "Quem
é que aqui gosta de Florbela Espanca?E ela, entre admirada e divertida,
respondeu que era ela .
Agora ,depois de voltar a pensar no assunto, ocorreu-me que devia ser para que as pessoas verificassem as suas capacidades visuais e que melhor do que ler poesia? Claro que fiquei satisfeita com os poetas eleitos .Copiar poemas de Florbela ou
de Pessoa, sempre dignifica quem o faz.
Já reparaste como o meu cérebro é tortuoso?Acompanhas-lhe os seus
volteios acrobáticos??Isto tudo em relação à vida, à tua vida é porque
o tal poema -que te queria enviar nos aconselha a não questionar a
vida e a deixar apenas que aconteça.
Isto claro de uma forma simplista.Envio-to depois, mas se calhar ate conheces..
Vou deixar-te. Fico a aguardar que tenhas tempo para um feedback!
Um grande abraço da tua amiga do Norte,
Eulalia.

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